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Ar Fresco

sexta-feira, setembro 30, 2005

Vitórias morais (I) - semana europeia (cont.)

Jornada europeia desastrosa: o campeão teve medo de ganhar em Manchester; o F.C. do Porto iludiu-se com o seu vendaval ofensivo; o S.C. de Portugal acentuou a crise de confiança entre público, treinador e equipa; o Braga, sem poder de fogo, vacilou mais uma vez na Europa; o Setúbal esticou todo o lençol que tinha e sai com honra; o Guimarães cumpriu e até venceu fora, teremos Vitória europeu?

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Sporting (D 2-3 Halmstads, após prolongamento)

Parece que em certos momentos Peseiro quer jogar como Trapattoni, jogar apenas para o resultado. Após uma época onde jogavam bem, mas não ganharam nada, surgiu um Sporting mais pragmático. O jogo frente ao Setúbal é um óptimo exemplo, onde Peseiro jogou pelo seguro.

Mais do que uma exibição pobre, este Sporting mudou muito. Frente ao Halmstads, da equipa maravilha faltaram Hugo Viana, Rochembach, Ricardo, Liedson e Rogério, por exemplo. Ricardo continua no banco, talvez agora volte após os deslizes de Nélson, Liedson não jogou por estar castigado? E Rochembach e Hugo Viana foram colmatados por um voluntarioso (mas faltoso!e pobre tecnicamente) Luís Loureiro e por um promissor João Alves.

Rochembach faz muita falta pois era um complemento a Moutinho, escolhido à força para conduzir sozinho este Sporting. E depois não parece haver um bom relacionamento entre muitos jogadores e o treinador. Se Peseiro não reconquistar de novo o balneário, ele será o primeiro a sair.

Braga (E 1-1 Estrela Vermelha)

Um Braga claramente desfalcado na frente. Com João Tomás, Delibasic e Cesinha lesionados, sem uma referência lá na frente torna-se difícil a este Braga continuar os bons resultados. Principalmente quando se começa a perder logo aos dez minutos. O Braga reagiu bem e criou oportunidades suficientes para virar o resultado, infelizmente não conseguiu e pelo segundo ano consecutivo falham o acesso aos grupos.

Quanto aos acontecimentos do final do jogo, é simplesmente mau demais para comentar. Esperemos que não traga consequências para o Braga.

Setúbal (D 0-1 Sampdória)

A crença e o querer por vezes fazem milagres, mas para isso também é preciso sorte e esta não esteve com o Setúbal. Na teoria, as diferenças entre as equipas eram abissais, mas na prática foi muito diferente e só o pragmatismo dos italianos evitou a surpresa. De qualquer modo boa réplica da equipa portuguesa que sai vencida, mas não envergonhada.

Guimarães (V 0-1 Wisla Cracóvia)

A única vitória da triste semana portuguesa na Europa. o Guimarães que trazia uma vantagem confortável venceu novamente e contribuiu para o ranking que esta semana levou um grande abalo. Enquanto internamente ainda não convencem, pelo menos na Europa vencem, o que permite a Jaime pacheco respirar. Resta saber o que vai acontecer na próxima segunda-feira frente ao Benfica.

Vitórias morais (I) - semana europeia

Jornada europeia desastrosa: o campeão teve medo de ganhar em Manchester; o F.C. do Porto iludiu-se com o seu vendaval ofensivo; o S.C. de Portugal acentuou a crise de confiança entre público, treinador e equipa; o Braga, sem poder de fogo, vacilou mais uma vez na Europa; o Setúbal esticou todo o lençol que tinha e sai com honra; o Guimarães cumpriu e até venceu fora, teremos Vitória europeu?

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Benfica (D 1-2 Man Utd)

Derrota frustrante de uma equipa que durante 65 a 70 minutos se mostrou personalizada, confiante e bastante sagaz. Ao contrário de muitos, julgo que a inclusão de Beto era, em teoria, uma boa aposta, tornando o Benfica num 4-3-3, com Beto, M. Fernandes e Petit no meio e Simão na esquerda, Miccoli a descair para a direita e Nuno Gomes no meio. Porém, Beto apareceu a jogar com extremo-direito num 4-4-2. E desde os 30 m da primeira parte se percebeu que era um erro a ser corrigido na segunda. Ou seja, após o golo de Giggs havia que reagir e apostar ou em Geovanni ou em João Pereira. Após o golo do empate, o Benfica parecia sólido e a qurer discutir o resultado, enervando os ingleses. Contudo, o Man Utd reagiu muito bem e acentuou a pressão.

O momento-chave do jogo, ocorreria a cerca de 15 minutos do fim, quando Koeman preferiu não perder a ganhar o jogo. Ao retirar Miccoli, o Benfica libertou um central e os laterais do Man Utd e recuou em demasia. A somar a isto perdeu o controlo do jogo, nomeadamente a posse de bola, e o golo surgiria, novamente, através de uma bola parada.

Boas impressões de uma equipa que quando perder o medo poderá ganhar asas para outros voos. Mas a consolidação está a caminho.

Para os que diziam que este era um Man Utd de segunda veja-se a linha de ataque: Giggs, Cristiano Ronaldo, Nistelrooy, Alam Smith, Scholes. Na defesa Ferdinand e o titular Van der Saar. Realmente são fraquinhos...

FC Porto (D 2-3 Artmedia)

É indesmentível o FCP joga um futebol de ataque total, quase romântico e é este romantismo que o torna, por vezes, uma equipa muito permeável, pouco adulta e pragmática nos momentos-chave. Bem sei que este tipo de futebol leva muitos adeptos ao estádio, mas tem de se ganhar os jogos, principalmente os em casa, para a Liga dos Campeões, frente aos "Artmedias" desta Europa. Era impensável há uns anos um FCP a ganhar por 2-0, deixar acontecer uma reviravolta para 2-3.

O que acontece é que falta um líder na defesa, e sem Pedro Emanuel importa perceber se Jorge Costa não seria uma boa hipótese (confesso que não sei se ainda está lesionado). E depois da partida dos então mal-amados Maniche e Costinha, o FCP reforçou-se bem, excepto na defesa e meio campo defensivo. Ou seja, Raul Meireles começou em crescendo, havia ainda Bosingwa que podiam fazer o lugar. Mas Sonkaya não é Kromkamp, e Bosingwa tem recuado para lateral direito, já para não falar na dispensa de Nuno Valente e adaptação do extremo César Peixoto, que a defender é voluntarioso, mas ineficaz.

Julgo que neste momento resta ao FCP garantir a UEFA, a não ser que haja grandes surpresas.

(continua)

quinta-feira, setembro 29, 2005

Vitórias morais

Esta será uma nova rubrica aqui no Ar Fresco. Trata-se de uma rubrica dedicada ao Desporto, mas 90% dedicada ao futebol...

O objectivo será o de analisar a prestação dos três grandes, em todas as competições, bem como a dos "pequenos" que participem nas competições europeias ou que, por alguma razão, estejam em destaque.

Amanhã iniciar-se-á começando pela análise à jornada europeia.

P.S - Vitórias morais porque estamos no país onde mesmo quando se perde, merecíamos ter ganho...

quarta-feira, setembro 21, 2005

"Partidocracias"

Nem de propósito, mas via Bloguítica deparei-me com este artigo de António Costa Pinto (ACS), no DN, onde o cronista põe em causa a figura "política" de António Borges, entre outras coisas, por ter falta de contacto com o povo, não gostar das partidocracias:

(...) Em vez do CV da Goldman Sachs, teria precisado de uns anos largos de poder local ou no Parlamento para que algum recrutador de direcções partidárias se lembrasse dele. Esta dimensão "partidocrática" não tem só coisas más, pois obriga os candidatos a contactar com "povo", fazer umas campanhas eleitorais, precisar dos caciques da "máquina partidária" e muitas coisas mais, que Borges dispensaria, mas que são o dia-a-dia da política. (...) [os negritos são meus]

O que me deixa mais chocado é quando ACS afirma que a partidocracia não tem só coisas más, descrevendo as coisas boas como sendo e passo a citar: precisar dos caciques da máquina partidária (...) que são o dia-a-dia da política.

Ou seja para ACS, não só faz falta a António Borges contacto com os cidadãos e com as lides da governação (seja parlamentar ou local), como também ele teria de alimentar as "pancadinhas nas costas" partidárias, bajular os "recrutadores de direcções", sujeitar-se e lamber as botas dos "caciques" partidários, para que se possa assumir como candidato à liderança do PSD.

Isto é, para se ser alguém em Portugal, na política, tem de se ir para as "jotinhas", bajular as pessoas certas, conseguir tachos para um qualquer cargo (local ou parlamentar) e depois, sim, com um pouco de contacto com o "povo" está-se apto a liderar um partido, ou quem sabe o País.

Obviamente que defendo que um primeiro-ministro dificilmente será capacitado para tal, sem antes ter tomado contacto com uma qualquer actividade política (parlamentar ou local). Mas o contrário, ou seja, ter uma experiência de vida totalmente centrada em cargos e carguinhos políticos, tendo contactado com os problemas do País, somente como político, e não como cidadão, empresário, trabalhador (ou outra qualquer parte activa da sociedade civil) coarcta qualquer visão e conhecimento - mais abrangentes - dos problemas que um verdadeiro político deveria ter.

Ora, hoje em dia, proliferam estes últimos: os políticos profissionais, nos quais esta experiência política, normalmente desde muito jovens, serve apenas para saber como melhor agradar aos seus colegas partidários de modo a chegarem rapidamente ao poder. O verdadeiro Assalto ao Poder não será feito pelos pseudo-puros/ingénuos, limpos das partidocracias, mas está e continuará a sê-lo pelos profissionais da política e foram estes que critiquei nos dois últimos posts, pois são estes que governo após governo se instalam no poder.

PS - Este texto não serve para fazer a apologia de António Borges, tão pouco tenho interesses sobre quem será líder do PSD, pois encontro-me mais à esquerda. O post (bem como os anteriores) serve apenas para clarificar que classe política eu pretenderia para o futuro.

terça-feira, setembro 20, 2005

A morte dos políticos... (II)

Na sequência do último post, cabe-me acrescentar alguns exemplos do que foram bons políticos nos tempos, relativamente, mais recentes (últimas décadas) e tentar compará-los com os que agora temos.

Começando pela UE compare-se Durão Barroso com Jacques Delors. Julgo que nem vale a pena a comparação do "pai" da Europa com o nosso compatriota. Na Alemanha falam do legado pesado de Helmut Kohl, daí os resultados destas eleições onde os cidadãos alemães demonstraram a sua divisão e dificuldade em escolher. Em França, Lionel Josepin e, claro, François Mitterand marcaram uma época – compare-se com a actual derrota de Chirrac no referendo europeu.

As únicas excepções na Europa, onde ainda há líderes com carisma e qualidade são a Irlanda, a Espanha (mais González e Aznar) e o Reino Unido (goste-se ou não de Blair e da terceira via).

Quanto a Portugal, desde o primeiro governo de Cavaco que estamos entregues à sorte...

Imaginemos agora que amanhã Sócrates resignava e que Marques Mendes desaparecia. Quem poderia suceder-lhes (somente no PS e PSD)? José Seguro ou António Vitorino (no PS); António Borges ou Manuela Ferreira Leite (no PSD)?? É com estes que contamos?

Serão estes capazes de devolver a credibilidade aos políticos e à política portuguesa? Serão estes ou outros (aceito sugestões) capazes de motivar os cidadãos portugueses?

[post a desenvolver]

sexta-feira, setembro 16, 2005

A morte dos políticos...

Pela primeira vez, estou francamente desiludido com a política.

Eu sei que já tivemos governos maus, anteriormente; oposições fraquíssimas, graves crises económicas, políticos sem carisma, sem vontade, sem qualidade. Mas agora chegámos a um ponto, onde, pela primeira vez, não tenho esperança; não vislumbro alternativas.

Passo a explicar: após o flops do governos que mais esperança trouxeram, no século XX, o segundo do Prof. Cavaco e o primeiro do Eng. Guterres, nunca mais houve qualquer governo que criasse expectativas e o resultado disso é a sucessiva interrupção dos mandatos.

Após Durão, veio Santana e de seguida Sócrates. Com este último sinto-me enganado. Quase cheguei a acreditar nele. E agora não há esperança, quer à esquerda, quer à direita. A profissionalização dos políticos trouxe a morte aos mesmos, metaforicamente, claro.

Santana e Sócrates são políticos profissionais. Não têm conhecimento do mundo real, apenas se apercebem do que os rodeia pelo ponto de vista do político, sejam governo ou oposição. Hoje, só se chega a cargos verdadeiramente importantes e executivos, se se tiver nascido e criado dentro das "jotinhas" repugnantes. E das jotinhas se vá crescendo até chegar a deputado ou algo melhor. [voltarei às jotas num post próximo]

Vejam-se os candidatos às câmaras municipais e à Presidência da República, são os mesmos velhos (nomes, leia-se) e repetitivos. Não há sangue novo e o novo sangue que há é arrivista, não tem qualidade não discute problemas, nem soluções, não apresenta ideias. Apenas acusa, ofende e ironiza (mal).

Vejam-se os últimos debates, vejam-se as últimas entrevistas: são vazias, desprovidas de interesse e, actualmente, viradas para os comentadores políticos, para os colegas da política e não para os cidadãos. No outro extremo está o populismo, as promessas de infra-estruturas banais, o discurso em altos décibeis, sem substância.

Os políticos com carisma, que levavam com eles as multidões, os cidadãos, que entusiamavam, onde estão! Hoje já não há políticos, pois os políticos faziam política:

do Gr. politiké
s. f.,
ciência do governo das nações;
arte de dirigir as relações entre os Estados;
princípios que orientam a atitude administrativa de um governo;
conjunto de objectivos que servem de base à planificação de uma ou mais actividades
; [in site da Priberam]

estes já não existem e os que havia "morreram".

sexta-feira, setembro 09, 2005

O Problema das Línguas/Literaturas (III)

Após o último post “O Problema das Línguas/Literaturas (II)”, de 12 de Abril, onde se reflectiu acerca dos curricula das universidades e da consequente desilusão dos alunos, ficou no ar a questão das saídas profissionais.

A esmagadora maioria dos alunos universitários de Letras tende a ir para uma de duas áreas: ensino e tradução. A primeira se em tempos foi uma profissão honrada, com um bom vencimento e segurança no posto de trabalho, hoje é o que se sabe – insegurança, desemprego e falta de perspectivas futuras. A segunda é uma mina para poucos, pois nem sempre se consegue trabalho regularmente, e tem de se optar frequentemente pelo risco de uma carreira como freelance.

Para agravar a situação, para além das duas carreiras mais perseguidas serem precárias e com riscos, os alunos de Letras sofrem também de alguma discriminação relativamente a outros cursos. Passo a explicar: se pensamos numa qualquer função administrativa ou num cargo médio, e se for apenas exigida a licenciatura (independentemente do curso), os alunos de Letras ficam rapidamente para segundo lugar perante alunos dos cursos técnicos, i.e. gestão, economia, direito, etc.

[Muitas vezes ignora-se que um aluno de Letras tem “potencialmente” uma cultura geral, acima da média, um domínio da(s) língua(s), que poderiam potenciar a qualidade da comunicação das empresas.]

Por todas estas razões, seria fácil acabar com os cursos de Letras ou promover fusões entre cursos, diminuir drasticamente o número de vagas, entre outras soluções. Quanto a mim, os cursos devem obviamente ser reformulados, mas não no sentido de os “tecnicizar”. Ou seja, deve-se procurar novas maneiras de motivar alunos para esta área, nomeadamente através da criação de novas saídas profissionais.

A maneira como é que isto deve ser feito, quer pelas faculdades/universidades, quer pelos alunos, quer pela sociedade será discutido no próximo post.

P.S. – É sempre admirável como os media gostam passar notícias do género: “licenciados em Letras são os com maior taxa de desemprego” e “curso superior não garante emprego”. São duas notícias tão óbvias como dizer que no Inverno choveu e que no Verão fez sol. Só contribuem para os mais incautos fugirem da Universidade e, principalmente das Letras.